Principal cartão postal de MS, Gruta do Lago Azul é lar de espécies intrigantes

Categoria: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO | Publicado: sexta-feira, março 24, 2017 as 16:16 | Voltar

Campo Grande (MS) - Segregadas há milhões de anos em um local de pouquíssima ou nenhuma luz, oxigênio reduzido e alimentação rara, algumas espécies tiveram que sofrer profundas transformações para continuar sobrevivendo nas profundezas da Gruta do Lago Azul - uma das Unidades de Conservação do Imasul e uma das principais atrações turísticas de Bonito. É o caso do Potiicoara brasiliensis e do Mega gidiella azul, duas espécies de camarões albinos descobertos recentemente e que são estudados pela equipe de pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) liderados pela bióloga Lívia Medeiros Cordeiro, mestre em Ecologia e Conservação e doutora em Zoologia.

Lívia Cordeiro estuda a vida aquática de cavernas há 11 anos, quando de sua graduação, e atualmente desenvolve pesquisa sobre a biodiversidade subterrânea na bacia do Rio Paraguai, com apoio do Programa de Desenvolvimento Científico Regional da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul), órgão vinculado à Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).

Nos dias 22 e 23 (quarta e quinta-feira), Lívia Cordeiro integrou a equipe chefiada pelo secretário adjunto da Semagro, Ricardo Senna e composta ainda pelo gerente das Unidades de Conservação do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Leonardo Tostes Palma, e da fiscal ambiental Flávia Neri de Moura, em visitas técnicas à Gruta do Lago Azul e ao Rio Formoso. Foram dois dias de avaliações e debates, quando também o secretário adjunto deu posse a membros dos Conselhos Consultivos de ambos os atrativos.

Cegos e albinos

Lívia Cordeiro fala com entusiasmo do trabalho científico que coordena e que ajudou a descobrir a existência de espécies curiosas. São camarões, minhocas e até uma planária, um verme comum em ambiente aquático, todos com peculiaridades intrigantes. Isolados num espaço sem a presença de luz por milênios, essas espécies perderam toda pigmentação da pele tornando-se albinas. Os olhos também foram descartados no processo de adaptação, já que a visão não funciona sem luminosidade.

A região da Serra da Bodoquena é rica em grutas, rios e lagos subterrâneos, portanto um espaço precioso para a pesquisa liderada por Lívia Cordeiro. “Já catalogamos mais de 30 novas espécies em toda Serra da Bodoquena, desde peixes, insetos, crustáceos, aranhas”, conta ela. O trabalho na Gruta do Lago Azul ainda vai continuar e promete acrescentar muitas páginas ao extenso e complexo livro da vida no planeta.

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