Uma anta de aproximadamente 200 kg, resgatada no estacionamento de uma faculdade privada na região central de Campo Grande, está se recuperando no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), sob a gestão do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). O animal foi capturado por equipes do Imasul e da Polícia Militar Ambiental (PMA) após ser encontrado por funcionários da instituição, que se surpreenderam ao deparar com o maior mamífero terrestre da fauna brasileira.
A operação de resgate foi delicada devido ao tamanho e comportamento imprevisível da anta, exigindo o uso de anestesia para garantir a segurança tanto do animal quanto da equipe. “Precisávamos garantir um transporte seguro, pois uma reação brusca poderia colocar todos em risco”, explicou Aline Duarte, gestora do Hospital de Animais Silvestres Ayty, onde a anta está sendo tratada.
Durante a avaliação inicial no hospital, foram detectadas queimaduras nas patas do animal, provavelmente causadas pelo contato com o asfalto quente. As patas da anta, adaptadas a ambientes naturais, não suportam o calor das superfícies pavimentadas, o que agravou as lesões. “Estamos tratando as queimaduras e, felizmente, a cicatrização está evoluindo bem”, comentou Aline.
A veterinária Jordana Torqueto, responsável pelo tratamento, informou que a saúde geral da anta é boa, e que o próximo passo é transferi-la para um recinto maior no CRAS para observar sua adaptação. “Também vamos coletar amostras de sangue para verificar possíveis infecções e continuar com os cuidados médicos necessários”, acrescentou Jordana.
Além do tratamento, o Imasul está em contato com o Projeto Antas Urbanas para colocar um colar de monitoramento no animal antes de sua soltura. Como a anta foi resgatada em uma área urbana, é possível que seja necessário devolvê-la em um local próximo de onde foi encontrada, após avaliação das melhores opções para garantir sua segurança.
A suspeita dos especialistas é que a anta tenha se deslocado do Parque dos Poderes, uma área de preservação ambiental nas proximidades, e se perdido ao tentar atravessar a cidade em busca de alimento ou abrigo.
O Imasul e a PMA ressaltam que a população deve acionar as autoridades competentes em casos de avistamento de animais silvestres em áreas urbanas, garantindo a segurança tanto dos moradores quanto dos animais. “O resgate adequado é essencial para evitar que esses animais, que muitas vezes estão fora de seu habitat natural, sofram ferimentos ou coloquem em risco a segurança de todos”, alertou a veterinária.
Com o acompanhamento especializado e o tratamento adequado, a expectativa é que a anta se recupere plenamente e possa retornar em breve à natureza, reforçando os esforços de conservação da biodiversidade no Mato Grosso do Sul.
Texto: Gustavo Escobar