Campo Grande (MS) – A assinatura da Declaração de Interesses feita pelo governo do Estado, Embrapa e a ong WRI Brasil para a formatação do Projeto Estado Carbono Neutro colocou Mato Grosso do Sul como a primeira unidade da federação a formalizar a criação de um programa para a mitigação e neutralização da emissão de gases de efeito estufa. A medida é uma importante contribuição do Estado para que o país cumpra as metas firmadas na Conferência Mundial do Clima.
A informação foi dada pela coordenadora de Mudanças Climáticas da WRI Brasil, Viviane Romeiro, após o ato de assinatura da Declaração de Interesses, que aconteceu na abertura da 11ª Dinapec, na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande. “Outros estados trabalham com propostas semelhantes, mas Mato Grosso do Sul é o primeiro a formalizar esse processo, saindo à frente de outras regiões”, disse a coordenadora da ong internacional.
“É um grande desafio neutralizar as emissões de gases do efeito estufa. Já demos um passo importante com o programa Terra Boa e agora, com o Carbono Neutro, vamos contribuir ainda mais com as metas estabelecidas pelo país na COP 21”, afirmou o governador Reinaldo Azambuja durante o evento na Embrapa. Ele assinou a Declaração de Interesses juntamente com o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck e reiterou que todo o processo está sob a responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico (Semade).
“O Projeto Estado Carbono Neutro está inserido no Programa Estadual de Mudanças Climáticas – Proclima e dará importantes elementos para que nós possamos, efetivamente, estabelecer quais são as nossas metas e contribuições em nível estadual para os compromissos do país na COP 21. No prazo de um ano, aproximadamente, vamos ter um panorama de quanto o Estado emite (de gases de efeito estufa) nos mais diversos setores, como agricultura, pecuária, indústria, áreas urbanas e quanto esses setores, efetivamente, neutralizam. Vamos elaborar, então, um conjunto de ações visando a mitigação e neutralização”, informou o secretário.
A partir da Declaração de Interesses, Embrapa e governo do Estado terão o suporte técnico e metodológico necessário à estruturação e desenvolvimento do Projeto Estado Carbono Neutro. Os técnicos da WRI Brasil, Embrapa, Semade, Imasul e outros órgãos parceiros do Proclima vão gerar as bases metodológicas para uma economia de baixo carbono em Mato Grosso do Sul, desenvolvendo e adaptando tecnologias para a redução e mitigação das emissões de gases de efeito estufa nos diversos setores da economia do Estado.
A solenidade na Embrapa contou com a presença do secretário- adjunto da Semade, Ricardo Senna, do superintendente de Ciência e Tecnologia, Renato Roscoe e da gerente de Desenvolvimento e Modernização do Imasul, Eliane Ribeiro.
MS CARBONO NEUTRO
A qualificação de Mato Grosso do Sul como um Estado Carbono Neutro será um processo de médio prazo e terá de passar pela avaliação de agências internacionais que terão de certificar que as emissões advindas de todas as atividades da sociedade no território sul-mato-grossense são neutralizadas com a adoção de sistemas sustentáveis de produção na agropecuária e aumento na produção de energia renovável.
Essa neutralização viria da fixação de carbono nos solos sob sistemas agropecuários mais eficientes de produção; do aumento nos estoques de carbono nos sistemas de produção de cana-de-açúcar e florestas plantadas em comparação a pastagens degradadas; da redução das emissões de metano por unidade de carne produzida em sistemas mais intensivos (notadamente as tecnologias associada à certificação da Embrapa: Carne Carbono Neutro); da produção de energia elétrica a partir da biomassa do setor sucroenergético e florestal; do estímulo a geração de energia eólica e solar; e da melhoria na eficiência energética.
De acordo com o escopo do projeto, a primeira fase envolverá o desenvolvimento de novos protocolos de mensuração e registro dos gases de efeito estufa, focando nos sistemas que são ainda negligenciados pelas metodologias tradicionais. Essa etapa envolverá a WRI (World Resource Institute) – organização não governamental de renome internacional que desenvolve protocolos para o inventário de emissões de empresas, instituições, regiões, estados e países.
Os chamados GHG Protocols têm sido adotados por vários países, inclusive pelo Ministério do Meio Ambiente do Brasil, como principal ferramenta para a elaboração dos inventários de emissões.
A participação da Embrapa se dará por meio da unidade Gado de Corte, que vem trabalhando a certificação Carne Carbono Neutro, e a Embrapa Informática Agropecuária, responsável pelos importantes avanços alcançados no componente agropecuário dos inventários nacionais.
Fotos: Nolli Corrêa/Semade