Nesta segunda-feira (5), uma equipe da Organização Não Governamental Greenpeace esteve no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). A visita teve como objetivo realizar filmagens para um documentário sobre o impacto do fogo na vida selvagem e os heróis que estão na linha de frente lutando para salvar os animais.
Rosana Villar de Sousa, jornalista do Greenpeace, explicou que o documentário será composto por uma série de episódios. “Para este episódio, queremos mostrar o impacto do fogo na vida selvagem. Cada episódio tem um personagem principal, e, neste, queremos destacar os heróis que estão na linha de frente, lutando contra o tempo para salvar os animais”, afirmou Rosana.
Durante a visita, Rosana destacou a grande estrutura do CRAS, que recebe animais de todo o Estado e desempenha um papel crucial na recuperação deles. “Foi muito interessante ver o hospital, uma estrutura muito grande, como eu nunca tinha visto antes, e entender o processo dos animais que chegam aqui: quanto tempo ficam, que tipos de animais são recebidos”, disse ela.
Embora a equipe tenha vindo para filmar sobre o impacto do fogo, a questão do tráfico de animais chamou bastante atenção. “Muitos animais trazidos para cá foram salvos do tráfico. Provavelmente abordaremos mais sobre isso nas nossas redes sociais, não no documentário, mas é um ponto importante para a questão ambiental”, acrescentou Rosana.
Aline Duarte, gestora do CRAS, explicou como funciona o Centro e descreveu a estrutura e a quantidade de pessoas envolvidas no processo de proteção dos animais. “O processo começa no resgate, mas não termina ali; envolve resgate, tratamento e a missão de devolver os animais à natureza”, comentou Aline.
A equipe ficou impressionada com a infraestrutura de atendimento do CRAS. “O hospital me impressionou bastante. É muito grande. Geralmente, as estruturas de tratamento de animais são menores e mais precárias, menos especializadas. Aqui, vocês fazem exames, inclusive testes de sangue, o que foi muito interessante. O próprio espaço é grande, com recintos muito bem planejados. Achei a estrutura bem interessante”, observou Rosana.
O diretor presidente do Imasul destacou também o atendimento. “Temos uma unidade de excelência e profissionais muito bem capacitados para atender e reabilitar os animais. Conseguimos aumentar o número de atendimento e aumentar a qualidade também. Temos aparelhos tecnológicos muito avançados”.
O Centro de Reabilitação de Animais Silvestres foi idealizado em 1987 e sua criação se concretizou no ano seguinte e recebe anualmente, em média, 2,5 mil animais, sendo na sua maioria aves, seguido de mamíferos e alguns répteis.
Comparações globais
Questionada sobre as diferenças em termos de infraestrutura, Rosana destacou seu conhecimento sobre o Brasil e a Amazônia, onde o trabalho do Greenpeace é focado. “Na Amazônia, o centro de atendimento a animais é do Exército. Aqui é do Estado. Em Manaus, os animais são tratados dentro da estrutura do Exército, que é a única de resgate na região. Não há um hospital como este, é uma estrutura menor. O trabalho é similar, mas em menor escala. Lá, eles têm uma grande área verde com um zoológico, o que é um diferencial”, explicou.
Exibição do documentário
O documentário será exibido nas redes sociais do Greenpeace Brasil, do Greenpeace Internacional e, provavelmente, em outros escritórios do Greenpeace. Posteriormente, será transformado em um documentário mais longo. Serão exibidos episódios pequenos de até quatro minutos, e haverá um corte maior, de aproximadamente 40 minutos, que será exibido na Conferência das Partes (COP). A intenção da ONG é levantar a discussão sobre o que precisa ser feito para proteger a natureza, os animais e as pessoas no contexto do “pirocenismo”, onde o mundo está queimando.
Infraestrutura
Considerado o maior hospital de Medicina Veterinária Silvestre da América Latina, a unidade foi batizada de Ayty (pronuncia-se aitã), nome oriundo da língua Tupi-Guarani que significa cuidado e acolhimento. Com 1.153,33 metros quadrados de área construída, o hospital conta com:
Recepção; Secretaria; Lavabo; Sala de biólogos; Sala administrativa; Sala de veterinários; Sala de ultrassom; Ambulatório/clínica; Dois laboratórios de patologia clínica; Lavabos PNE feminino e masculino; Vestiários feminino e masculino; Despensa; Copa; Sala de preparação de alimentos de quarentena; Quarto de repouso do profissional plantonista; Farmácia; Almoxarifado; Sala de controle; Sala de raio-x; Sala de esterilização; Sala de equipamentos esterilizados; Sala de antissepsia; Sala de preparação de pacientes; Sala de cirurgia; Setor de pós-operatório; Pátio interno; Cinco salas de triagem; Três salas de quarentena de aves e solário de aves; Sala de quarentena de répteis e solário de répteis; Sala de quarentena de mamíferos e solário de mamíferos; Isolamento; Sala de armazenamento de amostras; Lavanderia e Sala de necropsia e câmara fria.