Um filhote de tamanduá, recentemente resgatado, está em processo de reabilitação no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande. O animal, um macho de aproximadamente dois meses de idade e cerca de 3 quilos, não apresenta fraturas ou lesões aparentes, conforme avaliação inicial realizada pela equipe técnica.
Por se tratar de um filhote, a reabilitação deve ser longa e pode ultrapassar um ano. Durante esse período, os principais cuidados são voltados à alimentação adequada e à oferta de um ambiente compatível com as necessidades da espécie, de forma a garantir seu desenvolvimento saudável.
O tamanduá bandeira, ainda filhote, foi resgatado no município de Rio Verde de Mato Grosso, a 200km da Capital, e, encaminhado para atendimento veterinário. O animal chegou bastante apático, mas sem apresentar lesões aparentes.
Segundo a médica veterinária Paloma Silva, responsável pelo atendimento:
“A reabilitação de filhotes silvestres é um processo longo e exigente, que demanda dedicação constante para que o animal se desenvolva de forma saudável e esteja apto a uma futura soltura. São necessários manejos diários de alimentação, pesagens e suplementações específicas. Um filhote órfão, além da fragilidade física, carrega também um trauma emocional, que precisa ser trabalhado com cuidado, respeito e de maneira gradativa. Nosso compromisso é sempre com o bem-estar dos animais e, sem dúvida, acompanhar a evolução e a recuperação de cada indivíduo, após tantos esforços, é extremamente gratificante, pois representa a esperança de perpetuação da sua espécie.”
Após sua chegada, o pequeno tamanduá permanece no setor de neonatologia silvestre, onde já apresenta sinais de melhora: está mais ativo, adaptando-se ao ambiente, recebendo alimentação regrada e passando por pesagens semanais para acompanhamento de seu desenvolvimento.
O animal segue sob monitoramento constante, recebendo toda a atenção necessária para garantir sua recuperação e crescimento adequado.
Estrutura
O tamanduá está recebendo tratamento no Hospital Veterinário Ayty, unidade vinculada ao Imasul e considerada o maior e mais moderno centro de reabilitação de animais silvestres da América Latina. O nome “Ayty” vem da língua Tupi-Guarani e significa “cuidado” e “acolhimento”.
Com uma área construída de 1.153,33 metros quadrados, o hospital dispõe de infraestrutura completa e moderna, incluindo centro cirúrgico equipado, salas de esterilização, antissepsia, preparação de pacientes, raio-x, farmácia, almoxarifado, setor de pós-operatório e alojamento para plantonistas.
A unidade foi projetada para oferecer suporte veterinário contínuo e especializado em fauna silvestre.
Soltura monitorada
A soltura de animais reabilitados é realizada exclusivamente em áreas previamente cadastradas pelo CRAS, priorizando sempre locais próximos ao da captura. O tempo necessário para o retorno do tamanduá à natureza dependerá diretamente de seu desenvolvimento.
O diretor-presidente do Imasul, André Borges, destacou a relevância do trabalho realizado pelo CRAS e pelo Hospital Ayty:
“Esse filhote de tamanduá representa a importância da estrutura que o Estado oferece para a conservação da fauna. O Hospital Ayty é uma referência internacional e garante que animais como esse tenham todas as condições de recuperação e retorno seguro ao habitat natural.”
A chefe do CRAS, Aline Duarte, reforçou que o processo será longo, mas fundamental para a sobrevivência do animal:
“Por ser ainda muito jovem, ele depende integralmente dos cuidados humanos para se desenvolver. Nossa equipe está atenta para oferecer uma dieta adequada e um ambiente que simule as condições da natureza. Cada etapa da reabilitação é essencial para que, no futuro, ele esteja apto a viver em liberdade.”
Gustavo Escobar – Imasul
Fotos: GE