Criação
O Parque Estadual Matas do Segredo é uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, criado com 177,58 hectares, através do Decreto Estadual nº. 9.935/2000, em área anteriormente conhecida como Jardim Botânico. É um remanescente de Cerrado dentro do perímetro urbano de Campo Grande, localizado nas imediações dos Bairros Nova Lima, Oscar Salazar e Jardim Presidente.
O Parque tem como objetivo preservar amostras de Cerrado e Matas nele associadas, espécies da flora e fauna, a manutenção de bacias hidrográficas, e valorização do patrimônio paisagístico e cultural do Município de Campo Grande, visando sua utilização para fins de pesquisa científica, educação ambiental, recreação e turismo em contato com a natureza.
Segundo Palma (2004), a história do Parque data da chegada dos japoneses no Brasil, no ano de 1914, onde em 1917, os japoneses oriundos da província de Okinawa adquiriram as terras nas matas das nascentes do Córrego Segredo. Após as fusões de pequenas chácaras, um nome predominou, sendo então a área chamada de Chácara Santa Inês. Assim foi iniciado o processo de ocupação da região onde se insere hoje o Parque.
Parte dessas terras foi adquirida em julho de 1986 pelo antigo PREVISUL (Instituto de Previdência Social de Mato Grosso do Sul), que as comprou para a construção de casas populares. Com isso, entre os anos de 1986 e 1993, os moradores vizinhos à mata se mobilizaram para a proteção do lugar, ação que levou, em março de 1993, à transformação de parte da antiga chácara na área protegida denominada Jardim Botânico de Campo Grande. Como reflexo da aprovação da Lei Federal 9.985/2000 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), no dia 05 de junho de 2000, o Jardim Botânico foi reenquadrado como unidade de conservação na categoria Parque, passando a ser denominado Parque Estadual Matas do Segredo.
Projeto Florestinha
O Parque abriga a Unidade II do Projeto Florestinha, que atende 60 crianças e adolescentes do entorno. O Projeto Florestinha é desenvolvido pelo BPMA/SEJUSP, é um projeto socioambiental criado em 23 de novembro de 1992, com objetivo de promover a educação ambiental e ações sociais com a comunidade em situação de vulnerabilidade social.
O público atual do Projeto Florestinha é de crianças e adolescentes de 07 a 16 anos e visa auxiliar na formação de cidadãos críticos inseridos como parte do meio social, político e ambiental.
Atualmente o Projeto conta com duas unidades na Capital com 120 crianças no período da manhã e tarde e outras 03 unidades no interior: Três Lagoas, Costa Rica e Amambai, totalizando 380 alunos matriculados. As crianças e adolescentes que integram o projeto participam como aprendizes e educadores ambientais, pois realizam palestras sobre temas ambientais em escolas e eventos da capital e interior, tornando-se multiplicadores ambientais mirins.
A Fauna
O Parque é um fragmento remanescente do Bioma Cerrado dentro da área urbana abriga nascentes que contribui para a formação do Córrego Segredo, servindo de refúgios para diversas espécies de animais silvestres. Levantamento feito entre os anos de 2009 e 2010, Santos et al. (2013) registrou 18 espécies de mamíferos silvestres de médio e grande porte, dentre eles podemos citar, anta, tamanduá bandeira, tamanduá mirim, macaco prego, macaco bugio, gambá, lobinho, capivara, irara, cateto, queixada, veado campeiro, jaguatirica, dentre outros.
Em 2022 foi registrada através de armadilha fotográfica do Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ a presença da onça parda na área do Parque, bem como, houve relatos de avistamentos por moradores do entorno e visitantes, e por último, em 2024, registro fotográfico realizado por uma observadora de aves.
A Flora
A flora é caracterizada por fitofisionomias do Bioma Cerrado, cerrado strictus sensus, cerradão e mata de galaria. Aproximadamente 80% da área do PEMS está representada por vegetação de Cerrado de solos bem drenados, não associadas aos cursos d’água (cerrado stricto sensu e campo sujo seco, cerradão e mata seca semidecidual) (IMASUL, 2009). Os 20% restantes contemplam áreas de mata ciliar e mata de galeria inundável.
A maior parte das trilhas existentes no PEMS está na área de cerrado stricto sensu ou na faixa de transição entre cerrado stricto sensu e cerradão. Nas trilhas do Parque são encontradas espécies arbóreas como jatobá, copaíba, quina, figueira, faveiro, lobeira, guavira, jatobeiro, araticum, marolo, dentre outras existentes no Bioma Cerrado.
Observação de Aves
O Parque Estadual Matas do Segredo é considerado um hotspot para observação de aves. Incursões independentes realizadas por pesquisadores e observadores de aves já reuniram um quantitativo de 170 espécies (HATORI, 2015). Bancos de dados especializados como Wikiaves e Ebird apresentam respectivamente o registro de 66 e 112 espécies (dados de maio 2021).