Equipe do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) realizou na sexta-feira (10) expedição de prospecção pela Área de Preservação Ambiental Rio Cênico Rotas Monçoeiras, na região Norte do Estado. Participaram da expedição o diretor-presidente do Imasul, André Borges; o gerente de Unidades de Conservação, Leonardo Tostes; da antiga gestora da Unidade de Conservação (UC) Elaine Becker e o jornalista Fabio Pellegrini, atual gestor da UC.
A prospecção teve início na ponte da Matinha, na divisa dos municípios de São Gabriel do Oeste e Rio Verde de MT e terminou próximo à foz do rio Coxim no Taquari, após mais de 8 horas de jornada fluvial. “Percorremos um trecho de quase 100 km pelo rio Coxim, passando por trechos encachoeirados, belas paisagens e sítios históricos seculares existentes ao longo da unidade de conservação”, comentou Leonardo Tostes.
O diretor-presidente do Imasul, André Borges, se encantou com o que viu, e sentiu na pele as dificuldades de navegar nos trechos mais encachoeirados, como o Travessão do Jaú e a Cachoeira do Letreiro.
Eles conversaram com ribeirinhos, pescadores profissionais, turismólogos e ambientalistas, vivenciando, de fato, a realidade local: “A questão desta unidade de conservação vai muito além da conservação da biodiversidade. Aqui temos história contadas por livros e pela oralidade de seus moradores atuais. A história de Mato Grosso do Sul e do Brasil passou por essas paisagens. É fundamental a presença do poder público neste pedaço de Brasil, com o objetivo de proteger esse ambiente e fomentar o turismo de forma sustentável”, ressaltou o diretor-presidente do Imasul.
APA Rio Cênico Rotas Monçoeiras
A APA Rio Cênico Rotas Monçoeiras está localizada ao norte do estado de Mato Grosso do Sul, na bacia hidrográfica do Alto Paraguai, abrangendo uma área de pouco mais 15.440 hectares, englobando parte do rio Coxim e seu entorno, integrando os municípios de Camapuã, Coxim, Rio Verde de Mato Grosso e São Gabriel do Oeste.
Essa Unidade de Conservação, além de preservar expressiva diversidade de paisagens e formas de vida aquáticas e terrestres, resguarda em paredões de rocha em suas margens e leito, importantes registros arqueológicos e de períodos da História do Brasil entre os séculos 17 e 19.
Além das explorações das bandeiras paulistas, no século 17, e das monções, no século 18, em 1826 o rio Coxim recebeu uma expedição científica chefiada pelo conde russo no Brasil Grigori Langsdorff, que percorreu mais de 16 mil quilômetros Brasil adentro por vários rios, com o objetivo de registrar aspectos da fauna, flora, etnografia e geografia brasileiras.
Na ocasião, os naturalistas franceses Hercules Florence e Adrien Taunay registraram um rico acervo de anotações manuscritas, diários, paisagens, iconografia e mapas que contribuíram significativamente para diversas áreas acadêmicas. Em seu inventário, contabilizaram mais de 100 mil espécies de vegetais, quase 15% de toda a flora brasileira.
Proteção para o desenvolvimento sustentável
De acordo com o plano e manejo da Unidade de Conservação, hoje as principais ameaças antrópicas são o uso inadequado do solo e de pesticidas agrícolas, a invasão de espécies exóticas, a busca do setor elétrico para instalação de hidrelétricas, a caça, a pesca predatória e a degradação de hábitats.
Dessa forma, o rio Coxim, o Rio Cênico Rotas Monçoeiras, por seus inúmeros argumentos históricos e por suas características geográficas torna- se um dos mais importantes rios cênicos e temáticos do Brasil, de grande potencial ecoturístico, neste momento em que se canalizam esforços para a implantação de projetos de desenvolvimento sustentável para a região.
Texto: Fabio Pelegrini, Imasul