Seminário debate os benefícios e técnicas adequadas da arborização no meio urbano

Categoria: ESTADO CARBONO NEUTRO, GESTÃO AMBIENTAL, MUDANÇAS CLIMÁTICAS | Publicado: terça-feira, março 22, 2022 as 11:09 | Voltar

Campo Grande (MS) – O apelo por uma cidade mais verde pode ter levado ao plantio desordenado de espécies arbóreas inadequadas ao meio e às características geológicas locais. Embora cumprindo a missão de sequestrar gás carbônico e amenizar a temperatura, essas árvores por vezes se transformam em problema para os gestores e moradores. O resultado aparece a cada tempestade: galhos e troncos inteiros caem sobre a rede elétrica, atingem carros e casas, obstruem ruas e provocam outros contratempos.

A solução para garantir os benefícios trazidos pelas árvores ao meio urbano está no planejamento: escolher as espécies adequadas para cada tipo de solo e espaço suficiente que suporte seu crescimento, evitar o plantio sob a rede elétrica e, nos casos já existentes, executar a poda corretamente para não comprometer o equilíbrio e a sobrevida da planta.

O tema foi debatido no Seminário “Governança e políticas públicas sobre arborização urbana”, realizado pela Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), nesta terça-feira (22), no auditório do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). Em formato híbrido, o evento atraiu participantes de diversos municípios de Mato Grosso do Sul e teve inscrições de Mato Grosso, Bahia, Acre, Paraná e São Paulo.

Ao longo da manhã, os participantes assistem a palestras com palestrantes Daniel Tonelli Caiche, engenheiro florestal e doutor em Ciências Ambientais pela Universidade de São Carlos (SP); a bióloga Gissele Giraldelli, mestre em Ecologia e Conservação pela UFMS e servidora da Semadur; o presidente do grupo Energisa, Marcelo Vinhaes Monteiro e a coordenadora de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Semagro, engenheira sanitarista e ambiental Andreliz Silva Souza.

O superintendente de Meio Ambiente da Semagro, Pedro Mendes Neto, abriu o seminário destacando a importância da descentralização da gestão ambiental. Enquanto apenas 15 municípios de Mato Grosso do Sul assumiram o licenciamento ambiental até o momento, em outros estados esse processo está muito mais avançado. “Em Roraima, 95% dos municípios exercem a gestão ambiental, no Espírito Santo, 100%”. A arborização urbana é uma das medidas que estaria sob cargo das estruturas de governança dos municípios. “A arborização é uma intervenção importante, mas tem que ser feita com técnica, com qualidade”.

Marcelo Vinhaes, da Energisa, falou sobre o problema recorrente da interrupção no fornecimento de energia em consequência da queda de árvores sobre a rede. Ele citou a cidade de Bonito como modelo de poda adequada, que preserve o equilíbrio das plantas, garantindo que não sejam arrancadas facilmente pelo vento na ocorrência de tempestades. Segundo ele, 80% das interrupções no serviço são causados por queda de árvores ou galhos, fato que pode ser evitado com o plantio de espécies adequadas em espaço que não vão atingir a rede ao crescer, ou quando isso já não for mais possível, executando-se a poda correta.

Ao abordar os efeitos já sentidos das mudanças climáticas – como enchentes, alagamentos, tempestades, frio intenso e altas temperaturas e sua relação direta com a retirada da vegetação nativa – Daniel Caiche afirmou que o cenário é problemático, porém reversível. “As cidades estão na linha de frente dessa batalha. Será nas cidades que a gente vai ganhar ou vai perder essa luta contra as mudanças climáticas”. Ambientes mais arborizados trazem benefícios em diversos aspectos, incluindo no rendimento do trabalho, afirmou.

Por fim, a última palestrante da manhã, Gissele Giraldelli enfocou o contexto urbano de Campo Grande e os desafios da arborização. A cidade tem desde 1921 lei que obriga o plantio de árvores nos canteiros centrais e em frente das casas. Foi nessa época que a Avenida Afonso Pena ganhou suas figueiras, hoje árvores monumentais tombadas como patrimônio público. Ela defende mudança na forma como a cidade se relaciona com as árvores ditas “problemáticas”. Antes de optar pela retirada, é preciso esgotar todas as possibilidades de manter a planta, provendo o que for necessário para recuperar sua sanidade.

Veja imagens do evento:

Publicado por: João Prestes

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